Entrevista por: Laura Firmiano e Natália da Trindade
Tradução Japonês: Elisa Celino
Revisão Inglês -> Português: Patricia Raiz
Supervisão: Ingrid Natalie Leão
Foto: Divulgação
FRS - Yasu lançou o projeto solo, Acid Black Cherry.
Você até mesmo fez shows secretos, revivendo a experiência de um músico iniciante. Quais eram os seus objetivos e planos quando iniciou o projeto solo?
ABC: Em um lugar onde ninguém me conhece, com apenas músicas e performances que ninguém tinha ouvido antes, quantas dessas pessoas sentadas eu posso fazer com que se levantem? Acredito que essa era a vitalidade dos meus dias como iniciante. Como eu senti que não deveria esquecer esse tipo de atitude quando se trata de fazer solo, comecei meu projeto com shows assim. O que pensei quando comecei o Acid Black Cherry era fazer algo que não me exaurisse, porque eu estava pensando: “E se eu pudesse fazer algo assim? O que posso fazer sem me forçar demais? Acho que o erotismo.” Foi a resposta que encontrei. Para mim, como erotismo é algo que não exige muito esforço, uso esse tema no meu trabalho.
É difícil dizer meus objetivos e planos em poucas palavras, mas me faria feliz saber que há alguém que se sentirá melhor ao ouvir a música do Acid Black Cherry.
FRS - Em algumas entrevistas ao longo da carreira, você disse que foi aconselhado por um artista que você respeita, HYDE (das bandas L’Arc~en~Ciel e VAMPS), sobre as vantagens de usar um nome diferente para o seu trabalho solo, então o nome Acid Black Cherry surgiu. Por que escolheu este nome?
ABC: Não é que não haja um sentido próprio em Acid Black Cherry, mas de algum modo foi porque eu queria que as iniciais fossem “A.B.C”. No Japão se usa as letras “A.B.C” para representar os estágios de uma relação romântica, que também combina com o tema de “erotismo” do Acid Black Cherry.
Além disso, a ideia de usar meu próprio nome “yasu” como nome para meu projeto solo não soava bem.
FRS - Uma das vantagens de um projeto solo é trabalhar com diversos músicos e essa experiência é claramente utilizada na música do ABC. Como você escolhe os músicos que trabalham com o Acid Black Cherry?
ABC: Por exemplo, da mesma forma que se compõe uma música e pensa-se: “eu quero que ela seja cantada por este cantor”, eu penso que quero esse músico tocando esses riffs que escrevi e peço para a pessoa tocá-los.
FRS - Na sua música, você costuma tratar de assuntos relacionados à sexualidade e escreve a partir da visão da mulher, muitas vezes de maneira densa, porém refinada. A música Black Cherry foi até mesmo eleita a música mais sexy em uma enquete pelo JOYSOUND KARAOKE. Por que você escolheu esse tema em particular nas suas letras?
ABC: É algo que nasceu do conceito fundamental do Acid Black Cherry.
Com relação a escrever letras a partir de uma perspectiva feminina, acho que é porque não soa tão indecente pela visão ou voz feminina. Quando se diz coisas indecentes a partir da perspectiva masculina, ao invés de ser erótico soa como um pervertido. Não é nem um pouco legal dizer “eu vou gozar dentro”, certo? (rs)
FRS - O ABC tem três álbuns, em cada um deles há um tema: os sete pecados capitais em “Black List”, se os humanos podem julgar uns aos outros em “Q.E.D” e seu trabalho mais recente, “2012”, tem o tema “viver”. Por que estabelecer um tema para cada álbum? Em qual momento durante o processo de criação você concebe este tema?
ABC: A música é obviamente o eixo fundamental, mas tendo comprado o CD, acho que seria ótimo se as pessoas pudessem aproveitá-lo enquanto leem as letras e a história conceitual incluída no encarte. Com relação a história conceitual, é sempre quando eu termino o álbum em que estou trabalhando no momento que, de alguma forma, tenho a ideia para o conceito da próxima história. Eu estava, de forma constante, concretizando essas ideias.
FRS - O encarte é um importante aspecto quando se cria um álbum. É muito agradável acompanhar a história e as ilustrações inclusas no encarte do “2012” enquanto se escuta as faixas. Por favor, diga-nos a razão para o encarte deste álbum e as dificuldades que você teve durante a produção.
ABC: Acho ótimo ter formas de desfrutar um CD que você não pode apreciar a menos que o tenha em mãos.
É verdade que o principal objetivo é simplesmente curtir o som, já que é um álbum de música afinal de contas; mas o significado que a música carrega e o lado oculto que levou à sua criação são possíveis de encontrar no encarte.
Atualmente estamos na era digital, não é? Embora ache que isso é muito bom e tudo mais, pessoalmente sempre me diverti na forma analógica. Ao segurar o pacote em minhas mãos sinto-me feliz de ter comprado o CD. Já que fica em suas mãos como um objeto, o som é um presente, mas acredito que os sentimentos do criador também podem ser obtidos através de algo além da música.
Precisamente porque estamos na era do download, eu não quero esquecer o prazer de olhar o encarte depois de comprar um CD. É conveniente fazer o download e eu acho que é bom. Mas, para as pessoas que compraram meu CD nesta era, criei uma história conceitual de modo que elas ficarão felizes por o terem comprado, e isso é muito bom.
FRS - Todos seus singles tem uma canção cover como b-side, e você também os lançou compilados em álbuns cover chamados “Recreation”. Por que você canta covers?
ABC: Acredito que a canção é algo que continua a viver enquanto for cantada pelas pessoas. Por isso, acho que seria ótimo se eu também puder continuar cantando muitas músicas famosas de agora em diante. Com certeza há diversas músicas que muitos jovens de hoje não conhecem, mas se suas mães e pais as ouvirem e pensarem "que nostálgico", então talvez a família junta possa ouvir as músicas. Talvez as pessoas que não conheciam a música antes sejam capazes de experimentá-la de uma forma nova.
FRS - Sobre os covers, como é trabalhar com uma música que não é de sua autoria?
ABC: Especialmente agora que eu estou fazendo isso sozinho e estou sempre cantando minhas próprias músicas, aprendi muita coisa cantando covers. Também sinto como se redefinisse algo dentro de mim por um instante. É muito bom ser capaz de encarar as músicas com um sentimento novo.
FRS - Noto que você tem grande cuidado em definir a ambientação geral dos seus álbuns para criar as impressões desejadas. Você procura reproduzir essa ambientação do álbum no design do palco e na setlist de seus shows?
ABC: Já que o álbum é conceitual, tem sua própria visão do mundo em si mesmo. Mas para as apresentações, ao invés de apenas expressar esse mundo, eu quero fazer um show de rock divertido. Há momentos no palco ou na performance onde você pode experimentar o mundo do álbum mas, acima de tudo, considero o aspecto de ter pessoas experimentando os shows do Acid Black Cherry em si.
FRS - Em seus shows há uma seção em que vocês tocam versões acústicas de músicas do seu repertório e outras tocadas apenas nessa seção. Essas músicas foram compostas especificamente para o acústico? Elas têm um significado especial?
ABC: Originalmente, eram tocadas apenas com violão e voz.
Como uma banda não pode tocar nesse estilo, então pensei que teria que ser feito em um projeto solo. Mas como meu projeto solo tem uma banda, antes que eu me desse conta isso transformou-se de tal forma que todos os integrantes participaram tocando no acústico.
FRS - Recentemente, o Acid Black Cherry deu presentes para os fãs em agradecimento pelo apoio durante os quatro anos de existência. Dentre os presentes, houve um show grátis (posteriormente disponibilizado para download) e uma versão de estúdio da música “君がいるから” (“Porque você está aqui”)*. Como você decidiu quais seriam os presentes?
ABC: A questão dessa vez era meu sentimento de agradecimento por todos os fãs que vem me apoiando, então decidi sobre os presentes pensando no que faria todos felizes. Ao fazer tudo gratuito, eu também queria tornar os presentes algo que muitas pessoas pudessem apreciar.
* Música composta por yasu e tocada no segmento acústico dos shows do ABC, a letra mostra uma mensagem de agradecimento, dessa forma era tocada apenas nos lives, para transmitir a mensagem pessoalmente.
FRS - A banda acaba de concluir a turnê do álbum “2012”, há planos para novos lançamentos? Como um “Recreation 3”?
ABC: Nenhum no momento.
Mas informarei se algo for definido!
FRS - Durante os últimos anos, bandas de rock japonesas alcançaram um crescente sucesso na Europa, EUA e, claro, na América Latina também. Tivemos alguns shows aqui, como o do X Japan, e todas as bandas tiveram grande receptividade. Vimos muitas demonstrações de afeto dos fãs estrangeiros do Acid Black Cherry que estão ansiosos para ver você ampliar suas atividades pelo mundo. Está nos planos do ABC se expandir internacionalmente em breve?
ABC: Eu tenho recebido uma crescente quantidade de cartas e também mensagens na internet vindas de diversos países e, honestamente, estou muito surpreso com isso. Mas como também é meu sonho realizar shows no exterior, acredito que será ótimo se eu puder ir.

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